2020 trouxe muitos desafios aos profissionais da saúde. Com estruturas sobrecarregadas nos hospitais e consultórios vazios em momentos diferentes da pandemia, a preocupação com o bem-estar dos especialistas foi destaque nas festividades de final de ano e início de 2021.
Segundo levantamento do site Medscape, realizado entre junho e agosto de 2020 com 2.475 médicos brasileiros, o burnout é um desafio maior que a profissão em si. Foi em 2019 que a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a classificar o esgotamento mental e físico como doença, descrita como “síndrome resultante de estresse crônico no trabalho que não foi administrado com êxito”.
A pesquisa, no entanto, mostra que a prática de exercícios físicos ocupa a primeira posição como atitude adotada para enfrentar o burnout. Em 2018, dormir foi a resposta mais frequente. Um dado importante: 61% dos médicos participantes do levantamento em 2020 disseram estar dispostos a reduzir a própria remuneração em troca de mais tempo livre ou da possibilidade de equilibrar melhor a vida pessoal e o trabalho.
Atuação em consultórios
O medo da população e a necessidade de isolamento social provocaram um esvaziamento das salas de espera. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 55% dos homens acima de 40 anos deixaram de fazer alguma consulta ou tratamento médico em função do surto da covid-19. A pandemia reduziu horas trabalhadas nos consultórios e acelerou o uso da telemedicina, especialmente nos casos com baixa complexidade, em todas as especialidades médicas.
E esta redução de jornada não intencional provocou inseguranças quanto ao funcionamento de algumas clínicas e equipes. Acostumados à biossegurança, os profissionais da saúde incorporaram medidas de prevenção também nos consultórios, deixando seus frequentadores mais seguros. Os que puderam expor estes cuidados e conscientizar pacientes retomaram os atendimentos presenciais com maior rapidez.
Fase profissional
É natural que o medo acompanhe o trabalho dos profissionais da saúde no enfrentamento à pandemia. Relatos mostram que, apesar de ser um sentimento inato, uma parcela pequena de residentes, por exemplo, deixou-se paralisar diante das situações vividas nas emergências médicas. É importante frisar que o medo, muitas vezes, não significa despreparo, mas insegurança diante da realidade de muitos jovens, deslocados de suas especialidades para atender pacientes com covid-19.
Na outra ponta, depoimentos publicados na mídia mostram especialistas que optaram por adiar a aposentadoria para permanecer atuando na linha de frente. São casos pontuais, mas que revelam o compromisso de médicos — jovens ou experientes — com a vida dos pacientes. O que vamos acompanhar nos primeiros meses do ano é a primeira fase de vacinação e a retomada gradual da economia. Passos ainda pequenos diante de uma doença de proporções globais.